quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Matéria sobre os Centros Acadêmicos no Correio Brasiliense

Atividades dos centros acadêmicos não se resumem à organização de festas


Murilo Rodrigues Alves
Especial para o Correio

Além das festas, que viraram notícia nos últimos dias por irregularidades como consumo de bebidas alcoólicas e drogas dentro do câmpus da UnB, os centros acadêmicos (CA’s) também são responsáveis por funções importantes para o funcionamento de uma universidade aberta ao diálogo e à participação dos três segmentos: alunos, professores e servidores.

Os CA’s são entidades que representam todos os estudantes de um curso. Por isso, precisam manter contato direto com os alunos, por meio de debates, palestras, reuniões e discussões abertas a todos e de forma democrática. A atuação dos centros acadêmicos engloba desde ações que dizem respeito diretamente ao curso, como a regulamentação da profissão e a oferta de estágios, até mobilizações de estudantes para protestos contra um episódio político, por exemplo.

“Somos a melhor forma de representação para os alunos dentro do câmpus e perante à sociedade”, diz o presidente do centro acadêmico de Relações Internacionais (CAREL), Paulo Yoshimoto. Há seis meses na presidência do CA, o estudante afirma que a maior parte das entidades estudantis da UnB estão organizadas como pessoas jurídicas e seguem à risca as obrigações de controle das chaves do espaço destinada a elas, de manutenção dos móveis que existem no lugar e de respeito ao que diz o estatuto da entidade.

De acordo com a Diretoria de Esporte, Arte e Cultura (DEA), existem 69 centros acadêmicos na UnB, sendo que 26 estão irregulares por falta de documentação, como a ata de posse dos membros de uma gestão após a posse. Ao todo, a UnB possui 103 cursos de graduação.

Para um dos coordenadores do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Jonatas Moreth, os CA’s são o elo de ligação entre alunos, coordenações de curso, DCE e reitoria. “O DCE só é forte com um trabalho conjunto com os centros acadêmicos para a fortalização do movimento estudantil e a busca da qualidade na universidade”, diz.

É o que tenta fazer na prática o centro acadêmico de Arquitetura e Urbanismo. Segundo o diretor de relações externas, José Henrique Freitas, o CAFAU atua tanto para intermediar as discussões sobre os problemas encontrados no cotidiano, como mudanças de currículo, horário de aulas e falta de professores, como também desenvolve projetos paralelos com os alunos. Neste semestre, eles adotaram o movimento contra o trote violento e planejam receber os próximos calouros com atividades de intervenção urbana, com limpeza de pichações e pintura de muros pela cidade.

O espaço destinado aos centros acadêmicos da UnB também são usados como uma área onde os alunos esperam o intervalo das aulas. Como a grade horária dos estudantes não é fechada, há horários vazios, chamados de “janelas”, nos quais os alunos precisam esperar o início da outra aula sem ter tempo de ir embora para casa e voltar. Durante esse tempo, eles usam a sala do CA para descansar, jogar videogame ou cartas, conversar com outros alunos de semestres diferentes.

É por esse motivo que cerca de 50 estudantes de engenharia de produção ocuparam duas salas do prédio da Faculdade de Tecnologia no dia 16/1. A ocupação, que ainda persiste, é uma forma de eles reivindicarem um lugar para o funcionamento do centro acadêmico do curso, criado no segundo semestre de 2009.

“Para dizer a verdade, o que a gente mais odeia fazer é festa”, diz José Henrique. O estudante reclama do trabalho com limpeza, segurança e controle das cerca de 500 pessoas para não depredarem o patrimônio público. Por outro lado, segundo ele, os festejos são a melhor forma de ganhar dinheiro, que vai ser usado, posteriormente, para melhorias na estrutura do CA ou auxílio a atividades discentes, como passagens para apresentar concursos em outras regiões do país.

Na opinião do coordenador-geral do DCE, os problemas decorrentes das festas promovidas pelos centros acadêmicos só serão resolvidos com a aprovação das novas diretrizes de convivência dentro do câmpus. “Elas serão importantes para que todos, incluindo os CA’s, conheçam os critérios e possam respeitá-los, com a possibilidade de punição caso não cumpram”, afirma. O texto das novas diretrizes será disponibilizado para consulta pública entre os dias 28 de janeiro e 11 de fevereiro.

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